quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

CUIABANÊS




   Hoje em dia é muito difícil encontrar o linguajar cuiabano como antigamente encontrávamos.Com a vinda de pessoas de outros estado, fez com que a língua se misturasse e  sumisse,ainda  há pessoas que  falam bem arrastado.Procurando no livro do Antônio Arruda peguei alguns exemplos de cuiabanês ,esperem que gostem.
 



Segue algumas palavras retiradas do GLOSSÁRIO do livro de Antônio Arruda, referente ao linguajar cuiabano.
Achegar - chegar
Agregado - aquele que se estabelece em propriedade alheia.
Alambrado - cerca de arame.
Alembar - lembrar
Alfenim - massa de açúcar com amêndoas doces. Pessoa sensível. Intocável.
Alumear - iluminar.
Aloito - luta corporal.
Arreio - chefe de tropeiros que, com estes, transporta mercadorias, em tropas de burros.
Arroz-de-festa freqüentador assíduo de festas.
Atarantado - aturdido.
Badulaques - coisas de pequeno valor. Guardados.
Baguá - touro que se desgarra da fazenda e se torna selvagem.
Baita - enorme , excelente.
Baixeiro - saco de estopa que se colocam sob a carona.
Bamburrar - achar o garimpeiro uma pedra de valor.
Bandulho - briga.
Bingo - Pênis.
Bolacha - bolo achatado.


Brechó - sapato frouxo o cambaio.
Brocoió - bronco, tolo.
Bruaca - mala ou saco de couro cru, para transporte de carga em boi ou burro.
Brusco - nevoento, escuro (tempo).
Burrica - gangorra.
Buscar - procurar.
Cabeça - inteligente.
Cachorrada - doce feito com leite coalhado.
Cambada - porção de peixe, em geral, de três a cinco, enfeixados com um cipó.
Canivete - rapaz muito jovem.
Caramba - espanholismo. Interjeição designativa de espanto ou admiração.
Carne-de-pescoço - diz-se de pessoa tenaz, birrenta, implacável.
Cascar - descascar.
Cata-mamona (ficar de) - ficar em atropelo, às voltas com a solução dos problemas.
Chá - café da manhã.
Chambalé - camisola.
Chaté - baixote.
Chuva de caju - chuva em período de seca (julho, Agosto).
Cisa-ruim - o diabo.
Costipação - resfriado.
Coscorão - massa de pastel sem recheio.
Cuia - vasilha da casca da cabeça.
Curtido - cínico.
Cutilada - golpe de faca.
Cutuba - muito bom.
Dar no padre - Fraquejar.
De a pé - a pé.
Dereito - direito.
Despotismo - muito abundante.
Disque - diz-se.
Dois-de-paus - pessoas apagada, sempre alheia à conversa, quando em grupo.
É mato - abundante.
Embromador - tapeador.
Empamonado - tutu de feijão.
Entupigaitado - Desorientado.
Entojado - farto, saciado.
Enxuito - enxuto.
Escuitar - escutar.
Espeloteado - desmiolado.
Estar de lua - estar mal humorado.
Estrúdio - extravagante, esquisito.
Fazer de conta - fingir, supor.
Figa! - Deus me livre!
Funda - estilingue, atiradeira.
Fuxico - mexerico.
Fuzuê - confusão, bagunça.
Gandaia - cair na farra, adotar atitude suspeita.
Grulha - tapado, bronco.
Imbricar - virar.
Incômodo - menstruação.
Intá! Toma!
Invisive - grampo.
Janta - jantar.
Japa - brinde.
Ladino - esperto, inteligente.
Lambido - cínico.
Lançar fora- jogar.
Leviano - leve.
Leva-traz - bisbilhoteiro.
Levado - travesso.
Mamparrear - remanchar, usar de evasivas para fugir aos compromissos.
Manducar - comer.
Mata-brurro - ponte de tábuas espaçadas para impedir a fuga de animais.
Molóide - fraco.
Muxirum - mutirão.
Muxiba - pelanca.
Obra - fezes.
Padecer - sofrer.
Pampero -confusão.
Papo-de-peru - balão de soprar.
Paquete - menstruação.
Pastinha- franja.
Peitudo - corajoso.
Pau-rodado - pessoa de fora que passa a residir na cidade.
Perrengue - molóide, fraco.
Pinchar - jogar fora.
Pousar - pernoitar.
Puxada - construção adicional, em prolongamento da casa.
Quarar - corar. Pôs a roupa no sol para secar.
Quarta-feira - idiota, parvo.
Quebra torto - desjejum reforçado.
Que nem - tal como.
Quilo - fazer digestão após a refeição.
Rapariga - meretriz.
Ressabiado - desconfiado.
Rinchar - ranger do carro de boi.
Sabença - sabedoria.
Saluço - soluço.
Salvar - cumprimentar.
Sapear - assistir do lado de fora.
Sapicuá - saco de pano, dividido por uma abertura onde se guarda a matalotagem (matula), nos dois lados.
Sem-graceira - falta de modos.
Sistrodia - outro dia.
Supimpa - excelente.
Sustância- substância.
Tacuru - fogão improvisado de três pedra. Onde se assentam a panelas.
Tibi - cheiro.
Taludo - crescido desenvolvido fisicamente.
Tralha - objetos de uso caseiro.
Trens - objetos, coisas.
Tropicão - tropeção
Ucharia - lugar, nas festas, onde se colocam bebidas.
Vote! - Deus me livre
Zanzar - vaguear, andar sem rumo


domingo, 6 de fevereiro de 2011

FLOR DE PEQUI




                                                                       


 A flor do pequi é exótica, extremamente delicada e frágil e tem um cheiro particularmente curioso. Suas flores são hermafroditas, compostas por cinco pétalas esbranquiçadas, livres entre si, com numerosos e vistosos estames (masculinos) .O pequizeiro floresce durante os meses de agosto a novembro, com frutos madurando a partir de setembro (normalmente novembro) até o início de fevereiro.
                                        






                                                      

                                                        O PEQUI

O nome vem do tupi (py=espinho e ki=fruto). O fruto do pequí é rico em óleo insaturado, vitaminas A, C e E; fósforo, potássio, magnésio e carotenóides. Seu caroço tem muitos espinhos, e é preciso ter muito cuidado ao roer o fruto, evitando cravar nele os dentes, o que pode causar sérios ferimentos nas gengivas: horas no hospital para que o médico retire os finíssimos espinhos um a um. O pequi deve ser comido apenas com as mãos, jamais com talheres. Jamais atire os caroços ao chão: eles secam rápido e os espinhos podem se soltar. A raiz é tóxica e, quando macerada, serve para matar peixes. Sua madeira é de ótima qualidade, alta resistência e boa durabilidade. A madeira fornece dormentes, postes, peças para carro-de-boi, construção naval e civil e obras de arte. Suas cinzas produzem potassa utilizada no preparo de sabões caseiros. A casca fornece tinta, de cor acastanhada, utilizada pelos artesãos no tingimento de algodão e lã. É também conhecido como piqui, piquiá, pequerim, amêndoa-de-espinho, grão-de-cavalo, suarí. A palavra pequi, na língua indígena, significa "casca espinhosa".




A LENDA DO PEQUI
Marieta Teles Machado*
Tainá-racan tinha os olhos cor de noite estrelada. Seus cabelos desciam pelas espáduas com um tufo de seda negra e luzidia. O andar era elegante, cadenciado, macio como o de uma deusa passeando, flor entre flores, no seio da mata. Maluá botou os olhos em Tainá-racan e o coração saltou, louco e fogoso, no peito do jovem e formoso guerreiro. "Ela é mesmo linda como a estrela da manhã. Quero-a para minha esposa. Hei de amá-la enquanto durar a minha vida!"
Doce foi o encontro e, juntos e casados, a vida dos dois era bela e alegre com o ipê florido. De madrugada, Maulá saía para a caça e para a pesca, enquanto a esposa tecia os colares, as esteiras, moqueava o peixe, preparando o calugi para ofertar ao amado, quando ele chegasse com o cesto às costas, carregado de peixe e frutas, as mais viçosas, para oferecer-lhe.
O tempo foi passando, passando. No enlevo do amor, eles não perceberam quantas vezes a lua viajou pela arcada azul do céu, quantas vezes o sol veio e se escondeu na sua casa do horizonte. Floriram os ipês. Caíram as flores. Amareleceram as folhas, que o vento levava em loucas revoadas pelos campos. Os vermelhos cajus arcavam de fartura e beleza os galhos dos cajueiros. As castanhas escondiam-se no seio da terra boa. Rebentavam-se em brotos, e novos cajueiros despontavam. As cigarras enchiam as matas com sua forte sinfonia e sua vida evolava-se, aos poucos, em cada nota de seu canto. Nascimentos, mortes, transformações e os dias andando, andando.
Após três anos de casamento, numa noite bonita, em que o rio era um calmo dorso de prata à luz do luar e os bichos noturnos cantavam fundas tristezas e medos, Maluá encostou a cabeça no peito de Tainá-racan e apertou-a com ternura. No olhar de ambos, há muito, havia uma sombra. Nenhum deles tinha a coragem de falar. Uma palavra de mágoa, temiam, poderia quebrar o encanto de seu amor. A beleza da noite estremecia o coração sensível de Tainá-racan. Ela ajuntou a alma dos lábios e perguntou com voz trêmula, em sussurro:
-Estás triste, amado meu? Nem é preciso que respondas. Há tempo vejo uma sombra nos teus olhos.
-Sim, respondeu o valente guerreiro. Tu sabes que eu estou triste e tu também estás. A dor é a mesma.
-Onde está nosso filho que Cananxiué não quer mandar?
-Sim, onde está nosso filho?...
Maluá alisou com carinho o ventre da formosa esposa. "E o nosso filho não vem", murmurou. Dois pequeninos rios de lágrimas deslizaram pelas faces coradas de Tainá-racan. Um vento forte perpassou pela floresta. Uma nuvem escura cobriu a lua, que não mais tornava de prata as águas mansas do rio. Trovões reboaram ao longe. Maluá envolveu Tainá-racan nos braços e amou-a. "Nosso filho virá, sim. Cananxiué no-lo mandará".
Quando os ipês voltaram a florir, no ano seguinte, numa madrugada alegre, nasceu Uadi, o Arco-Íris. Era lindo, gordinho, tinha os olhos cor de noite estrelada como os da mãe e era forte como o pai. Mas, havia nele algo diferente, algo que espantou o pai, a mãe, a tribo inteira: Uadi tinha os cabelos dourados como as flores do ipê. Maluá recebeu o nascimento do filho como um presente de Cananxiué. Seu coração, contudo, estremeceu com a singularidade dele. Começou a espalhar pelo tribo a lenda de que o menino era filho de Cananxiué. O menino crescia cheio de encanto, alegria e de uma inteligência incomum. Fascinava a mãe, o pai, a aldeia, a tribo toda. Com rapidez incrível aprendeu o nome das coisas e dos bichos. Sabia cantar as baladas tristes e alegres que a mãe ensinava. Era a alegria e a festa da mãe, do pai, da tribo.
Um dia, Maluá, com outros guerreiros, foi chamado para a luta. Os olhos pretos de Tainá-racan encheram-se de lágrimas. O rostinho vivo de Uadi se ensombreceu. À despedida, seus bracinhos agarram-se ao pescoço do pai e ele falou: "Papai, vou-me embora para a noite, depois, chegarei à casa de Tainá-racan, a mãe, lá no céu". E seu dedinho róseo apontou o horizonte. O corpo de bronze do guerreiro se estremeceu. Seus lábios moveram-se, mas as palavras teimavam em não sair. Ele apertou, com força, o menino nos braços e, por fim, falou: "Que é isso, filhinho, tu não vais para lugar nenhum, nenhum deus te arrancará de mim. A tua casa é a casa de tua mãe, Tainá-racan, aqui na terra, e a de seu pai. Se for preciso, não partirei para a guerra. Ficarei contigo".
Nesse momento, Cananxuié, o senhor de todas as matas, de todos os animais, de todos os montes, de todos os valores, de todas as águas e de todas as flores, desceu do céu sob a forma de Andrerura, a arara vermelha, e gritou um grito forte: "Vim buscar meu filho!" Agarrou-o e levou-o pelos ares. Tainá-racan e Maluá caíram de joelhos. O guerreiro abriu os braços gritando: "O filho é nosso, sua casa é a de sua mãe, Tainá-racan, aqui na terra! Devolve meu filho, a Cananxiué! O grito de Maluá ecoou pela mata, ferindo de dor o silêncio. O peito do guerreiro palpitava de sofrimento como uma montanha ferida pelo terremoto. O velho chefe guerreiro aproximou-se dele, bateu-lhe no ombro e bradou: "Teus companheiros já partem. Maior que tua dor é tua honra de guerreiro e a glória de nossa tribo! Vai, meu filho, Cananxiué buscou o que é dele. Muitos outros filhos ele te dará. Tainá-racan é jovem. Tu és jovem. Vai, guerreiro, não deixa a dor matar sua coragem!"
Maluá partiu. Tainá-racan encostou a fronte na terra, onde pouco antes pisavam os pezinhos encantados de Uadi. Chorou. Chorou. Chorou três dias e três noites. Então, Cananxiué se apiedou dela. Baixou à terra e disse: "Das tuas lágrimas nascerá uma planta que se transformará numa árvore copada. Ela dará flores cheirosas que os veados, as capivaras e os lobos virão comer nas noites de luar. Depois, nascerão frutos. Dentro da casca verde, os frutos serão dourados como os cabelos de Uadi. Mas a semente será cheia de espinhos, como os espinhos da dor de teu coração de mãe. Seu aroma será tão tentador e inesquecível que aquele que provar do fruto e gostar, amá-lo-á para jamais o esquecer. Como também amará a terra que o produziu. Todos os anos, encherei, generosamente, sua copa de frutos, que os galhos se curvarão com a fartura. Ele se espalhará pelos campos, irá para a mesa dos pobres e dos ricos Quem estiver longe e não puder comê-lo sentirá uma saudade doida de seu aroma. Nenhum sabor o substituirá. Ele há de dourar todos os alimentos com que se misturar e, na mesa em que estiver, seu odor predominará sobre todos. Ele há de dourar também os licores, para a alegria da alma".
Tainá-racan ergue o olhar, aquele olhar onde brilhou a primeira estrela da consolação. E perguntou ao deus:
-Como se chamará, Cananxiué, esse fruto, cujo coração são os espinhos de minha dor, cuja cor são os cabelos de ouro de Uadi e cujo aroma é inesquecível como o cheiro dessa mata, onde brinquei com meu filhinho?
-Chamar-se-á Tamauó, pequi, minha filha. Quero ver-te alegre de novo, pois te darei muitos filhos, fortes e sadios como Maluá. E teu marido voltará cheio de glória da batalha, pois muitos séculos se passarão até que nasça um guerreiro tão destemido e tão honrado! Ele comerá deste fruto e gostará dele por toda a vida!"
Tainá-racan sorriu. E o pequizeiro começou a brotar.



Bom,  não sou uma  amante de pequi, na verdade  eu não agüento nem o cheiro, mas  esse fruto me deixa intrigada, como pode , quem    ama tanto pequi  acaba com uma panela e  quem odeia  nem quere chega perto, como o dito  popular ” Quem prova, ou ama ou odeia”
Em cada ruas do centro da minha cidade , pode-se encontrar uma barraquinha que vende pequi, então por isso  nada mais justo de começar  esse blog  com a fruta mais procurada na nossa CUIABÁ.



Ola!! Esse post é mais para poder começar,aqui vou mostra para vocês sobre varias coisas , entre elas  sobre minha cidade, turismo ,fotografia  , opiniões  e muitas outras coisas.

Espero que gostem, comentem, concordem , discordem e mandem sugestões...



obrigada,



Alyne Fontoura